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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mudanças no Projeto

O projeto Estação Cinema - Recuperando os Trilhos sofreu nesse último mês grandes mudanças.


*O projeto resolveu olhar com mais atenção às sessões infantis e criou um subprojeto dedicado às crianças de zero à infinitos anos: o CineMãe.

O CineMãe quer atingir o público infantil e os pais modernos: trabalhadores, intelectuais, artistas, estudantes, mães/pais, sonhadores e cinéfilos; que muitas vezes sofrem "discriminação" e são frequentemente convidados com olhares, pigarros e silêncio a saírem de palestras, cinema, debates, coquetéis etc, com seus bebês chorões.
Mamães e papais com bebês de colo e de mão que também querem se divertir com suas crias.
O espaço é preparado para receber esse público: luzes baixas, trocador e esteiras para receber as crianças que estão arrastando, amamentando, correndo, enfim, vivendo.


*Outra novidade é que a antiga estação ferroviária de Viçosa vai entrar em reformas (oba!! Estava precisando.) e o projeto ficou momentâneamente sem espaço. A situação estava osso duro de resolver. Chegamos a analisar a proposta de passar filmes no auditório da Igreja, ficamos relativamente felizes, pois o lugar era central, mas, a relação com a igreja limitava um pouco as ações do projeto com relação aos filmes exibidos. Não deu certo. Cheirávamos à ateus.
Eis que surge uma luz. Uma luz que eu já havia notado, mas não brilhava tanto: o Centro Experimental de Arte de Viçosa/MG. Parece que vai dar samba...


* As sessões do Estação Cinema terão inicio em abril, devido a uma programação que o nosso novo parceiro tem que cumprir: passar filmes nas praças de Viçosa e região. Enquanto isso, vamos preparar uma viagem e tanto para vocês.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Road-Movie.


Se for viajar, viaje de cinema.

Road-Movie é um gênero de filme que se popularizou na década de 60, com grandes clássicos como O Silêncio (1963), Easy Rider (1969), O Incrível exército de Brancaleone (1966), continua com Thelma e Louise (1991), Diário de Motocicleta (2004), Na Natureza selvagem (2006) e por aí vai, já que o gênero exige que a história se passe na estrada, seja ela intergalática, na terra, nos trilhos ou na estrada. Mas fico em dúvida se posso acrescentar as diligências (1939) ou o conceito só existe depois de que ele é criado? Eu fico bastante confusa por que acho que o conceito só existe para explicar o fenômeno, ou seja, o fenômeno já existia e houve a necessidade de ser classificado.

Beleza, e as viagens alucinógenas?? Também é um road-movie??

Ficou intrigado?? É... a “ciência” cinematográfica ainda é muito nova e suas bases não estão engessadas, ficamos boiando. E Indiana Jones, é road-movie??

Mas não tenha dúvidas, todos os sábados faremos viagens a mundos maravilhosos. Viajaremos de cinema: poltrona confortável, totalmente seguro1 , cia. animada e inteiramente gratuito. Leve seus amigos!!

Em março você e os personagens da Tela vão viajar: de diligência, com John Ford e John Wayne; de Harley Davidson, com Peter Fonda e Dennis Hopper; e claro, como era de se esperar, de trem com Wes Anderson e Owen Wilson


Obedecendo a um tempo cronológico, o primeiro filme da trilogia será No Tempo das Diligências (1939).
O filme é um western (aqueles filmes de cowboys e selvagens, o bang-bang) do diretor John Ford, um desses homens extremamente importantes para o cinema mundial que fez ruir as estruturas. John Ford apresentou ao público de 1939 um dos mais talentosos atores americanos, John Wayne, o legítimo americano.



John Wayne foi o mais americano dos atores, talvez o mais americano dos americanos. “Esse ator de andar oscilante, com cara de solitário e duro, porém compreensivo cowboy, criou ao longo de sua intensa carreira um dos arquétipos mais firmes do cinema: o do americano seguro de si e do direito que lhe assiste, possuidor de uma clara percepção do bem e do mal, desembaraçado, conservador, patriota e sedutor.” – Os Clássicos do Cinema, vol.1. 


Os westernes que estavam constantemente entre altos e baixos, estavam em fase de extinção quando entrou em cena John Ford e transformou o Western, dando a ele mais gás, mais vida (...e como esse gênero se prolongou!!). Ford lançou BUCKING BROADWAY (1917), um filme mudo, super difícil de achar, mas que eu adorei a ídéia: invadir a Brodway que já era uma cidade desenvolvida e tumultuada com cavalos.NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS (1939), O HOMEM QUE MATOU O FACÍNORA (1962), RASTROS DE ÓDIO (1956). 
Mas foi No Tempo das Diligêncais que se criou o laço entre John Ford e John Wayne, uma dupla tão incrível quanto Tim Burton e Johnny Depp.


Na sequência temos, Easy Rider/Sem Destino (1969), o que dizer deste filme?? um Clássico? um momento de clarividência? O grito de uma geração.
Até hoje sofremos, deliciosamente, os ecos daquela geração bendita da década de 60/70 e que se fez ecoar por tantos anos por causa deste filme. Na época o cinema era mania mundial, e o filme de Petter Fonda (irmão de Jane Fonda – ícone de beleza da década de 50) tornou-se hino desta geração. Meu pai me contou que viu esse filme mais de 15X na época. Nas férias eu fui a um show de rock e delirei ao som de “Born To Be Wild” do Steppenwolf, não conhecia a história daquela música, sabia apenas que era um hino do rock, do havy metal, do punk, das rebeldias e afins. Mas descobri, e delirei. E fiquei três dias seguidos ouvindo alucinadamente esta música, baixei a trilha sonora de Easy Rider e compreendi. Mais uma semana alucinada, Arquimedes, meu companheiro, ficou preocupado com uma possível overdose, o que acabaria com o tesão pelo filme, e na hora da estreia ficaria de “bode”.

Mas vamos lá, usem sem moderação:



Easy Rider é atuado e dirigido pelos seus dois principais personagens, Petter Fonda e Dennis Hoper. O roteiro é dos dois, foi produzido por Fonda e dirigido por Hopper. Este filme foi um marco no cinema americano que vivia auges e decadências, este foi um momento de auge.
Os personagens são dois motociclistas, os nomes dos personagens foram inspirados nos foras-da-lei mais conhecidos do velho-oeste americano: Wiatt Earp e Billy The Kid. Wyatt veste-se de cabedal adornado com a bandeira americana, enquanto Billy se veste com calças e camisa ao estilo dos nativos americanos.

"Eu e o Dern seremos os caubóis modernos". (Petter Fonda)

Ao invés de John Wayne ou Gary Cooper, ali estavam eles, vivenciando plenamente a liberdade na estrada.

Depois de dois Super Clássicos do Cinema, um filme suave, Viagem a Darjeeling (2007). Uma nova fase do cinema americano, que no momento está por baixo, lançando filmes dos heróis de quadrinhos, os cawboys de lata pós modernos, e as crises ambientais.
Viagem a Darjeeling (The Darjeeling Limited, 2007), de Wes Anderson, é um road movie sobre reconciliação e redenção entre três irmãos. O materialismo individualista do oeste com a paz transcendental do leste. Resquícios daquela geração que sonhava unir materialismo ocidental e espiritualidade oriental. Esses resquícios também estão presentes em alguns objetos que pertenciam ao finado pai de Francis (Owen Wilson), Peter (Adrien Brody) e Jack (Jason Schwartzman) como malas, óculos e o carro. A influência do movimento hippie também está no corte de cabelo, na música do ínicio do filme, nas cores extravagantes do trem e o próprio roteiro de viagem dos personagens.
O roteiro escrito por Wes Anderson, Roman Coppola (não, não é o Francis Ford Coppola, grande diretor de cinema, é o filho dele. Não é tão brilhante como o pai, que ficou famoso dirigindo O Poderoso Chefão) e Jason Schwartzman (o personagem Jack) nos remete a uma combinação de dois filmes anteriores de Anderson: a família disfuncional de Os Excêntricos Tenenbaums e a jornada por um território desconhecido de A Vida Marinha  de Steve Zissou (esse eu recomendo, hesitei várias vezes, acho este o melhor filme do diretor. Só não optei por ele, porque não havia o trem) Os personagens são pitorescos e bizarros: o irmão do meio, Peter, usa os óculos escuros do pai, apesar de se incomodar com o alto grau dos óculos; a briga entre os irmãos pelos pertences do pai, tudo antigo, mas cheio de estilo; Jack durante toda a ação aparece bem vestido, porém descalço e a mãe , Patricia (Anjelica Huston), atravessando uma crise de meia-idade, foge dos filhos, torna-se freira católica num mosteiro nas montanhas do Himalaia.
Antes do longa, o diretor apresenta um prólogo, um curta de 12 minutos que ajuda a preencher algumas lacunas do filme.
Compre sua passagem, tome seu assento e aproveite esta Viagem A Darjeeling!


A vida Marinha de Steve Zissou, um road movie no meio do mar:
http://cinemacultura.blogspot.com/search?q=a+vida+marinha+de+steve

Também temos road-movie infantil, e para isso entra em cena a Alice japonesa, Chihiro em Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro No Kamikakushi, 2001). Um encontro fascinante de uma garota de 10 anos com um mundo absurdo, personagens irreais e complexos. Ao invés do gato listrado com um sorrisso... bom... no mínimo, duvidoso, temos um monstro sem face, que está sempre por perto de Chihiro, dando conselhos dúbios.
A atmosfera do mundo criado por Miyazaki é vibrante e única, algo que nunca, nem com muito esforço, um estúdio Disney poderia imaginar. Isso porque os japoneses não produzem desenhos apenas para o público infantil, e o público infantil oriental é muito diferente do público infantil ocidental. As crianças são expostas à questões bastante complexas logo cedo: há poucos dias atrás vi Paprika, outro desenho japonês sobre sonhos e realidades, eu não poderia apresentá-lo ao nosso público infantil, eles não saberiam como reagir ao filme, que obedece "as regras" japonesas, muita cor, muita fantasia, muita presença de infância na complexidade dos fatos.
No Japão, o diretor é famoso justamente pela qualidade das histórias dos filmes que produz. Para efeito de comparação, Meu Amigo Totoro, do mesmo diretor, tem um de seus roteiros mais infantis: nele, duas irmãs devem encarar o risco de perder a mãe, mas o enfrentam graças à amizade que constroem com curiosas criaturas, que vivem nas proximidades de sua casa.
Nessa aventura compre dois sacos de pipocas, pra você e seu filho, neto, sobrinho, irmão...